resumo do filme crash no limite
Minha intenção neste artigo constituir-se-á de uma exploração das problemáticas sociais levantadas no enredo do filme Crash, que estão associadas aos ódios racial, cultural e xenófobo existentes na sociedade capitalista norte-americana. Em minha perspectiva, embora o diretor tenha se esforçado em dialogar com diferentes problemas do meio social de Los Angeles (uma sinédoque dos EUA), ele sacrificou um potencial aprofundamento de suas análises sociológicas às suas opções expressivas de configuração da narrativa cinematográfica.
De qualquer forma, Crash é um filme inteligente e corajoso que expõe todo um conjunto de preconceitos da sociedade norte-americana, que estão presentes na construção da individualidade e em ações do cotidiano, podendo se revelar a qualquer momento. Conforme a tese apresentada em Crash, apesar de as pessoas tentarem ocultá-los, com a velocidade da vida moderna, em algum momento, todos perdemos o controle e acabamos por reproduzi-los e perpetuá-los.
“Crash” entre denúncia e desengajamento
O filme Crash está imerso no contexto dos EUA pós-11 de Setembro, já então marcado pela perda de credibilidade do governo Bush quanto ao papel dos EUA na intervenção no Iraque. Daí, uma certa descrença nas instituições se combina com o aumento da sensação de insegurança e com a expressão do medo de aniquilação através de comportamentos desconfiados, agressivos e preventivos contra “negros” e “imigrantes”, assim como entre negros e imigrantes, que também definem distinções sociais entre si conforme a sua maior ou menor eficácia de aproximação em relação ao modelo “branco” de classe média próspera e letrada. Deste modo, em vez de demonstrar o maniqueísmo característico dos discursos oficiais do governo americano, o filme expõe uma fantástica “zona cinza” e não-linear, em que as díades Bem/Mal, Branco/Negro, Insider/Outsider e Vítima/Algoz são desconstruídas ao longo da trama, demonstrando que pensar responsabilidades envolve uma profunda