Resumo do Cap. 3 do livro de Haroldo sobre Políticas Sociais
1. A gênese das estratégias hegemônicas
O século XIX foi marcado pelas lutas sociais, com destaque para as insurreições de 1848, que explicitaram as contradições e conflitos da ordem resultando nas lutas de classes. Com o afloramento da “questão social”, a ordem social e as estratégias políticas dominantes foram impactadas.
Uma das diretrizes gerais das estratégias hegemônicas foi o sistema de educação moral e religiosa dos trabalhadores, unificando assim a linguagem e os valores. De outro lado as ligas, clubes e associações de ajuda mútua ensinavam os subalternos a ler e interpretar o discurso oficial dos políticos e das classes dominantes. Ocasionando assim uma disputa pela identidade do povo entre as diferentes visões.
Como a organização dos subalternos não era reconhecida jurídica-politicamente, as limitações das liberdades civis-públicas e a coerção política exercida através do Estado-guardião serviu como estímulo de organização dos trabalhadores. Com as manifestações ocorridas, as classes dominantes não poderiam ignorar as desigualdades, os conflitos de classe, as carências coletivas e, sobretudo “o contágio das classes inferiores” pelos revolucionários, por parte, socialistas.
O que “inspirou” as classes dirigentes a se voltarem para a realidade de carências, para “aprender a linguagem do povo” e buscar os meios de organizá-lo e dirigi-lo. A partir daí iniciou-se a campanha de educação dos pobres: afim de “salvá-los e civilizá-los”. Essa medida gerou relativo recuo nas lutas operárias. Não excluindo o significado da consolidação do idioma oficial e a mínima legitimação do proletariado por parte do Estado.
A obtenção do consentimento e da obediência dos subalternos aos fundamentos hierárquicos supunha organizar (disputar) o sentido e a direção do processo de participação e de formação da consciência das massas proletárias através das organizações civis.
A política de massificação do ensino foi uma primeira