RESUMO DO ARTIGO Fundamentos
Fernando Serapião
Héctor Vigliecca, é um arquiteto que é a maior referência atual em projetos de habitação social, relatou a sensação de derrota no lançamento do livro “O Terceiro Território: Habitação Coletiva e Cidade” em abril de 2014 no Museu da Casa Brasileira em São Paulo.
Este arquiteto é um exemplo daqueles que cujo foco reside na cidade, com obras de escala urbana. Há quarenta anos envolveu-se com habitação social no Uruguai, desenhando moradias para cooperativas profissionais, como a que integra a mostra do modernismo latino-americano atualmente em cartaz no MoMA, em Nova York.
ESTADO BRUTO
No Brasil, desde os anos 1970, Vigliecca constata que o governo tem o compromisso de regularizar propriedades e prover infraestrutura. Nas periferias as habitações são construídas para substituir as que estão em risco. Assim, o novo convive com o frágil consolidado.
CANTEIRO
Quando Vigliecca chegou ao Brasil em 1975, depois de libertado pelo regime militar uruguaio, na França – Sérgio Ferro terminava “O Canteiro e o Desenho” – a crítica de arquitetura mais impactante publicada no Brasil.
Ferro era um dos principais discípulos de Vilanova Artigas, o arquiteto progressista de São Paulo – que buscava a identidade nacional, mesmo que fosse através do desenho de casas para a burguesia esclarecida e nacionalista. Ferro radicalizou apostando na morada operária, rompeu com o PCB e, acompanhou Marighella, integrando a ALN e a luta armada, que o levou aos porões da ditadura.
“O Canteiro e o Desenho” explicitava que o projeto de arquitetura era uma forma de dominação do operário. Esta tese é tão radical, que se aceita, levaria ao fim da prática da arquitetura. Exilado, Ferro seguiu a própria cartilha, sobrevivendo como professor universitário na França até a sua aposentadoria.
No Brasil, a maioria dos arquitetos da geração pós-Ferro, sensíveis à questão política, migrou para a teoria ou para a burocracia.
Do Uruguai,