Resenha Favret Saada
Segundo Favret-Saada, a observação participante foi um método usado pelos antropólogos anglo-saxões na pesquisa sobre feitiçaria e consiste em pagar informantes e então interroga-los e observá-los ou observar as práticas ligadas a esse fenômeno. Ela ressalta que, nesses casos, a observação, e não a participação era mais valorizada, pois o profissional se limitava a participar de forma mínima, ou terceirizar a participação, utilizando-se dos seus informantes. Dessa maneira, suas contribuições eram muito limitadas e não respondiam a questões de extrema importância. Era como se o etnógrafo estivesse fazendo seu estudo para separar sua cultura da outra e se colocar como alguém que já alcançou um patamar mais elevado, que não está misturado com os tais costumes estudados e, portanto, pode enxergar a “verdade”.
A empatia, por sua vez, pode ser vista de duas maneiras. Na primeira, o sujeito ao qual se observa está distante e, sendo assim, para buscar compreendê-lo e representa-lo, faz-se uma tentativa de imaginar como seria estar em seu lugar, vivenciar suas experiências, seu mundo. A segunda definição de empatia seria entrar na experiência do outro a fim de enxergar e conhecer o mundo da sua maneira.
Todavia, a autora critica essas duas abordagens – observação participante e empatia - e procura mostrar que seu método não incluiu nenhuma delas. Para tanto, ela relata sua experiência de pesquisa de campo sobre a feitiçaria em Bocage, em 1968, onde ela percebeu que, devido à postura de ridicularização e inferiorização que muitos tomaram em relação às práticas daquele lugar, os