Resumo dialética ruy mauro marini
POLÍTICA DE LUTA DE CLASSES
O golpe militar que depôs o presidente constitucional do Brasil, João Goulart, em abril de 1964, foi apresentado pelos militares brasileiros como uma revolução e definido, um ano depois, por um de seus porta-vozes, como uma “contrarrevolução preventiva”. Por suas repercussões internacionais, sobretudo na América Latina, e ante as concessões econômicas que trouxe aos capitais norteamericanos, muitos o consideram simplesmente como uma intervenção disfarçada dos Estados Unidos. Esta opinião é compartilhada por certos setores da esquerda brasileira que, sem dúvida, nunca souberam explicar porque, no exato momento que pareciam chegar ao poder, este lhes foi arrebatado “repentinamente“, sem que disparassem ao menos um só tiro. Num mundo caracterizado pela interdependência, e mais que isso pela integração, nada pode negar a influência dos fatores internacionais sobre as questões internas, principalmente quando se está em presença de uma economia das chamadas centrais, dominantes ou metropolitanas, e de um país periférico, subdesenvolvido.
A história política brasileira apresenta neste século duas fases bem caracterizadas. A primeira, que vai de 1922 a 1937, é marcada por grande agitação social, por várias revoltas e uma revolução, a de 1930. Suas causas podem ser encontradas na industrialização que se procedeu no país na década de 1910, graças, sobretudo, à guerra de 1914, que levou a economia brasileira a realizar um esforço considerável para substituição das importações. A crise mundial de 1929 e suas repercussões sobre o mercado internacional tendem a manter em baixo nível a capacidade de importação do país, acelerando assim o seu processo de industrialização.
Na estrutura esconômica surge uma nova classe média, uma burguesia industrial diretamente vinculada ao mercado interno e de um novo proletariado, que passam a pressionar os antigos grupos dominantes a fim de obter um lugar na sociedade política. O que resultou das lutas