resumo devaneio e radio
"O rádio é um problema inteiramente cósmico: todo o planeta está ocupado em falar". Já no início de seu artigo Devaneio e rádio, Gaston Bachelard dá o tom de sua ideia sobre o veículo. Para ele, "o rádio é função de originalidade. Não pode se repetir. Deve criar a cada dia. Não é simplesmente uma função que transmite verdades, informações. Deve ter vida autônoma nessa logosfera, nesse universo da palavra, nessa palavra cósmica que é uma nova realidade do homem".
"Bachelard ouviu este rádio cósmico sintonizado nos fundamentos que sustentam a proposta de um novo racionalismo, renovando a história das descobertas científicas. Nesse caminho, ergueu os conceitos de homem diurno, que toma a polêmica e a dúvida como métodos de trabalho, e homem noturno, reinventou das fontes de imaginação criadora". Para a autora, na ruptura entre pensamento comum e pensamento científico elaborada por Bachelard, "a radiofonia emerge do território cósmico, residência das radiogalaxias, alvo dos gigantescos radiotelescópios encastelados em estações experimentais, aguardando captar as falas do Universo". "Essa disciplina da radioastronomia convive com as regiões insondáveis do invisível, função ancestral e imaginária através da qual se admite que o rádio existiu muito antes de ser inventado".
Para Bachelard, o rádio é, verdadeiramente, "a realização integral, a realização cotidiana da psique humana". Neste sentido, "é necessário ir à base, é preciso ir em direção aos princípios do inconsciente. É necessário descobrir no inconsciente as bases da originalidade humana". No entanto, o autor faz uma ressalva: se o rádio deve encontrar temas de originalidade, não deve ser fantasista. Mas, onde o homem encontrará esse poder de fantástico? Ele o encontrará no fundo de seu inconsciente. "É necessário, portanto, que o rádio ache o meio de fazer com que os inconscientes se comuniquem. Por meio deles é que irá encontrar uma certa universalidade".
E, neste momento, conforme Bachelard,