BACHELARD G
GASTON
BACHELARD
O DIREITO DE SONHAR
Bachelard, o grande filósofo da ciência, expõe seu lado noturno. Bachelard sonha — e nos convida a sonhar. Mas seus devaneios geralmente jã partem de outros devaneios: aqueles que geraram obras de arte — quadros de Monet ou Chagall, gravuras de
Flocon ou Marcoussis, esculturas de Waroquier ou Chillida, textos de Balzac, Poe, Rimbaud, Mallarmé, Eluard... Seguindo os devaneios-reflexões de Bachelard, que perserutam os devaneios criadores dos artistas — e liberando nossas próprias reflexões e nossos próprios devaneios —- percebemos porque uma ninféia pintada por Monet "é um instante do mundo". Ou como Chagall prova, ao ilustrar cenas bíblicas, que há "para além de todas as misérias, um destino de felicidade". Sonhando-pensando sobre a atividade desses poetas da mão que são os escultores e gravadores, entendemos como nas esculturas de Chillida foi martelado
"um grande sonho enraivecido". Ou como no ato de gravar hã uma "vontade digital" que usa o bisel do buril como a relha de um arado sobre uma planície de cobre. Verificamos também que uma imagem banal e monótona, como a da fonte, pode ser transfigurada por Mallarmé, ao receber "dois movimentos contrários".
Ou como os versos de Eluard são sínteses que "sustentam a novidade e a solidez".
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Bachelard sonha — e nos arrasta %para o'envolvente "espaço onírico", construído numa geometria que se contrapõe à da vigília. Bachelard sonha — e nos desvela, a essência mesma do, poético: o mistério de uma instantaneidade ambivalente, "uma androginia".
José Américo Motta Pessanha
O DIREITO
DE
SONHAR
4? EDIÇÃO
O DIREITO DE SONHAR
GASTON BACHELARD
O DIREITO DE SONHAR
4? EDIÇÃO
Tradução de
José Américo Motta Pessanha
Jacqueline Raas
Maria Lúcia de Carvalho Monteiro
Maria Isabel Raposo
Unimontes - Sistema de Bibliotecas
*000059831*
1994
Impresso no Brasil
Printed iti Brazii o UNIVERSITÁRIO U
Todos os direitos desta tradução reservados à:
EDITORA BERTRAND BRASIL S.A.
Av. Rio