Campos do Imaginário
Gilbert Durand
Lisboa, Instituto Piaget, 1998, 284 pp.
(Col. Teoria das Artes e Literatura, 6)
Campos do Imaginário de Gilbert Durand
Acaba de ser publicada uma oportuna recolha de textos do antropólogo e pensador francês Gilbert Durand. O leitor português pode assim completar a leitura de outros trabalhos do autor, publicados anteriormente em Portugal, tais como: A Imaginação Simbólica (1979); Mito e Sociedade: a Mitanálise e a
Sociologia das Profundezas (1983); "Mitolusismos" de Lima de
Freitas (1987);Imaginário e Pedagogia (1995); e, sobretudo, a sua grande obra, As Estruturas Antropológicas do Imaginário (1989).
Gilbert Durand é relativamente conhecido do público universitário, tendo assinaláveis ligações a Portugal. Discípulo confesso do filósofo Gaston
Bachelard (1884-1962) e da sua quadripartida teoria da imaginação simbólica e material, centrada nos elementos primordiais da cosmogonia de Empédocles
(Terra, Água, Ar e Fogo); e influenciado também pelos trabalhos de
Psicanálise do suíço C. G. Jung (1875-1961) e da sua teoria do inconsciente colectivo (reserva de imagens primordiais ouarquétipos), G. Durand propôs um inovador enfoque mitológico ou arquetípico da imaginação criadora, com reconhecidas aplicações no campo da estética e da crítica literárias. Na sua actuação sociológica e cultural, o ser humano é dotado de uma inquestionável faculdade simbolizadora. Por conseguinte, a criação artística e literária não deve ser concebida fora de uma
Poética do Imaginário, que intepreta os símbolos e as imagens recorrentes como projecções inconscientes dos arquétipos em que se configuram as profundezas do inconsciente colectivo. Neste contexto de uma perspectiva imagético-temática, deve-se a G. Durand uma notável e abarcante tentativa de classificação taxionómica das imagens do sistema antropológico, a partir dos arquétipos colectivos, agrupando-as em dois regimes (diurno e nocturno) e três reflexos dominantes