Resumo de Analise Estrutural da Linguagem
Os lingüistas fornecem aos sociólogos etimologias que permitem estabelecer entre certos termos de parentesco laços que não eram imediatamente perceptíveis. Inversamente, os sociólogos podem informar os lingüistas quanto a costumes, regras positivas e proibições que tornam compreensível a persistência de determinados traços da linguagem, ou a instabilidade de termos ou grupos de termos.
Entrementes, a sociologia explica à lingüística a razão de sua etimologia e confirma sua validade.
Mas, finalmente, a antropologia e a sociologia esperavam da linguística apenas lições. Nada levava a pressagiar uma revelação. O nascimento da fonologia modificou profundamente essa situação. A fonologia passa do estudo dos fenômenos lingüísticos conscientes para o de sua infra-estrutura inconsciente; recusa-se a tratar os termos como entidadesindependentes, tomando como base de sua análise, ao contrário, as relações entre os termos; introduz a noção de sistema – “A fonologia atual não se limita a declarar que os fonemas são sempre membros de um sistema, ela mostra sistemas fonológicos concretos e evidencia sua estrutura” (Id. 1933: 243) – finalmente, ela visa a descoberta de leis gerais, descobertas ou por indução, “ou deduzidas logicamente, o que lhes dá um caráter absoluto” (Id. ibid.).
No estudo dos problemas de parentesco (e certamente também no estudo de outros problemas), os sociólogos se vêem numa situação formalmente análoga à dos linguistas fonólogos: como os fonemas, os termos de parentesco são elementos de significação; como eles, só adquirem essa significação se integrados em sistemas; os “sistemas de parentesco”, assim como os “sistemas fonológicos”, são elaborados pelo espírito no estágio do pensamento inconsciente; e finalmente, a recorrência, em regiões afastadas do mundo e em