ESTRUTURALISMO E HERMENÊUTICA
Castro Buarque (orgs). Caderno de resumos & Anais do 5º. Seminário Nacional de
História da Historiografia: biografia & história intelectual. Ouro Preto: EdUFOP,
2011.(ISBN: 978-85-288-0275-7)
ESTRUTURALISMO E HERMENÊUTICA NA HISTORIOGRAFIA CONTEMPORÂNEA:
O DEBATE ENTRE LÉVI-STRAUSS E PAUL RICOEUR.
Breno Mendes∗
Introdução
O confronto entre estruturalismo e hermenêutica foi um importante episódio ocorrido na cena intelectual francesa da 2ª metade do século XX. Tal debate trouxe significativas implicações para a História da Historiografia Contemporânea, na medida em que, as reflexões de seus protagonistas frequentemente tocavam em importantes questões historiográficas. Para o presente texto, escolhemos enfatizar o embate ocorrido entre Lévi-Strauss e Paul Ricoeur registrado nas páginas da revista Esprit. O principal ponto de discórdia era a compreensão dos autores sobre a questão do “sentido”. Para além deste confronto, analisaremos a proposta ricoeuriana de incluir a análise estrutural em sua hermenêutica.
O Estruturalismo
Na década de 1950 a referência às estruturas era quase onipresente nas ciências humanas. O vocábulo “estrutura”, no entanto, foi criado quatro séculos antes na língua francesa, a partir do termo latino structura, que, por sua vez, provém do verbo stuere e traz como significados construir, edificar, erigir, empilhar, dispor em camadas.
Entretanto, a simples presença do termo “estrutura” não implica automaticamente em estruturalismo. Lembremos que o conceito é utilizado também fora do campo das humanidades por físicos, químicos, biólogos e matemáticos. E. Durkheim e K. Marx são autores fundamentais para as ciências humanas que também empregaram o conceito, mas não foram estruturalistas (DOMINGUES, S/D).
O estruturalismo é uma corrente heterogênea. Diversos autores já enunciaram a dificuldade para construir uma definição aplicável às suas