Resumo de alguns movimentos da Reforma Psiquiatrica
A obra de Pinel é estruturada sobre uma tecnologia de saber e intervenção sobre a loucura e o hospital, cujos pilares estão representados pela constituição da primeira nosografia, isto é, a descrição das doenças, pela organização do espaço asilar e pela imposição de uma relação terapêutica (o tratamento moral) onde representa o primeiro e mais importante passo histórico para a medicalização do hospital, transformando-o em instituição médica (e não mais social e filantrópica, ou seja, uma instituição sem fins lucrativos que só está ali para ajudar os cidadãos), e para a apropriação da loucura pelo discurso e prática médicos. Este percurso marca, a partir da assunção de Pinel à direção de uma instituição pública de beneficência, a primeira reforma da instituição hospitalar, com a fundação da psiquiatria e do hospital psiquiátrico. Ao construir um espaço específico para a loucura e para o desenvolvimento do saber psiquiátrico, o ato de Pinel é, desde o primeiro momento, louvado e criticado. As principais críticas dirigem-se ao caráter fechado e autoritário da instituição e terminam por consolidar um primeiro modelo de reforma à tradição pineliana, qual seja, o das colônias de alienados. Tal modelo tem por objetivo reformular o caráter fechado do asilo pineliano, ao trabalhar em regime de portas abertas, de não restrição ou maior liberdade.
Psicoterapia Institucional
A partir da liderança de François Tosquelles no hospital de Saint Alban, onde pôde reunir vários ativistas marxistas, freudianos ou surrealistas, iniciou-se uma experiência de transformação do espaço asilar, primeiramente resgatando o potencial terapêutico do hospital psiquiátrico, tratando os males da instituição para que a mesma cumpra a sua finalidade, qual seja tratar o doente. A psicoterapia institucional ainda alimentava-se do exercício permanente de questionamento da instituição psiquiátrica, buscando sua superação como espaço de segregação, a qualidade das