Resumo da fofoca à citação
Há anos viaja comigo a intenção de escrever sobre a citação, tema com inúmeras publicações, contendo muito pouco além de regras e recomendações.
No começo dos anos 90, comprei um livro de mais de 400 páginas. Na época, li apenas algumas páginas e abandonei-o na prateleira por muitos anos. Só nas últimas semanas percorri-o quase por inteiro.
Nesses anos todos, uma frase desse livro me acompanha como cão fiel: “A citação não é falsa nem verdadeira. Não se pode julgar o valor de uma citação”.
Nos últimos dias, li o livro e não encontrei a tal frase.
“O que houve comigo? Eu inventei essa frase? A frase é minha e não dele? Ela está de fato no livro e eu passei por cima sem percebê-la? Eu fiz uma fofoca? Criei um boato? Ou citei de maneira incompleta? Incorreta? Traí o autor?” (ANA MARIA NETTO MACHADO,2000,pag.4)
O próprio Compagno dá algumas pistas para explicar o ocorrido,quando,afirma que a citação é um sintoma.
“ O que se passou comigo foi exatamente isto.Algumas idéias fortes de Compagno,fortes porque afetaram-me,idéias que vão no sentido da supostas falsa citação que se inscreveu em mim,foram esquecidas e voltaram na forma de sintoma,emergindo como repetição,em diversas ocasiões” (ANA MARIA NETTO MACHADO,2000,pag.6)
Fez escorregar o que devia ser uma citação para o lado da fofoca, por não dar ao meu ouvinte, o direito de conferir o que o autor citado escreveu. Pedindo subrepticiamente ao auditório para ter fé em mim,acreditar na minha palavra.
A CITAÇÃO NOSSA DE CADA DIA
Tive oportunidade de ouvir e ler inúmeros depoimentos, provocando-me interesse pelo trabalho da citação, revelando-o como crucial e muito importante na vida de todos nós.
As exigências se repetem, o esforço se redobra e os deslizes permanecem. O que mais tem me preocupado não são as imperfeições, o que mais tem chamado atenção é que muito pouco tem sido escrito a respeito da razões de tais normas e exigências.
Folheamos livros, revistas,