Resumo Crítica da Razão Pura
Por: André Coelho
Na Crítica da Razão Pura (CRP), Kant se dedicou a uma dupla tarefa: fixar os limites do conhecimento que podemos ter do mundo e decidir sobre a legitimidade das investigações metafísicas sobre Deus, a alma e o mundo.
Introdução: Como são possíveis juízos sintéticos a priori?
Para responder à primeira questão, sobre os limites do conhecimento do mundo, Kant se faz a pergunta a respeito do que torna possíveis os juízos sintéticos a priori. Esta pergunta exige explicação. Juízo é toda afirmação ou negação de um predicado em relação a um sujeito: “todo corpo é extenso”, “todo corpo é pesado”, “este cisne é branco”, “nenhum quadrado tem mais que quatro lados” etc. são exemplos de juízos. Um juízo é dito analítico quando o que se diz do sujeito no predicado é algo que já está contido no próprio conceito do sujeito, isto é, é uma mera reafirmação de algo que já estava implícito no sujeito. Dizer, por exemplo, “todo corpo é extenso” é enunciar um juízo analítico, porque o conceito de extensão já é uma das determinações implícitas no próprio conceito de corpo. É como dizer que todos os triângulos têm três lados, ou que todos os solteiros são não casados, ou que toda ave tem penas. Se, contudo, aquilo que se enuncia no predicado não está contido no próprio conceito do sujeito, diz-se que o juízo é, então, sintético. “Todo corpo é pesado” é um juízo sintético, porque o conceito de peso não é elemento necessário do conceito de corpo, isto é, enquanto é impossível conceber algo como sendo um corpo e não tendo, contudo, extensão, é perfeitamente possível conceber algo como sendo um corpo e não tendo, contudo, peso.
Daí se derivam consequências: Juízos analíticos são universal e necessariamente verdadeiros, mas não acrescentam nenhum conhecimento novo, porque aquilo que se diz do sujeito no predicado já estava contido no conceito do próprio sujeito. Servem para esclarecer sobre determinações contidas no sujeito,