Resumo – Crise estrutural necessita de mudança estrutural
Uma mudança estrutural radical não é um apelo a uma Utopia não realizável. Robert Owen de New Lanark, por exemplo, tentou a realização geral de suas esclarecidas reformas sociais e educacionais. Ele pedia o impossível. O altissonante princípio moral “utilitarista” de “o maior bem para o maior número” reduziu-se a nada desde sua defesa por Bentham. Sem uma avaliação adequada da natureza da crise econômica e social de nossos dias, a probabilidade de sucesso a esse respeito é insignificante.
A crise que temos de enfrentar é uma crise estrutural profunda e cada vez mais grave, que necessita da adoção de remédios estruturais abrangentes, a fim de alcançar uma solução sustentável.
A crise estrutural de nosso tempo não se originou em 2007 com a “explosão da bolha habitacional dos Estados Unidos”, mas sim, pelo menos, quatro décadas antes.
A esse respeito, é necessário esclarecer as diferenças relevantes entre tipos ou modalidades de crise. A maneira de lidar com uma crise estrutural fundamental não pode ser conceitualizada em termos das categorias de crise periódica ou conjuntural. As crises são contrastantes, a crise periódica ou conjuntural desdobra-se e é mais ou menos solucionada com sucesso dentro da estrutura estabelecida, enquanto a crise fundamental afeta a própria estrutura em sua totalidade.
Uma crise periódica ou conjuntural pode ser dramaticamente severa, sendo contudo capaz de uma solução dentro dos parâmetros do sistema dado. O caráter “não-explosivo” de uma crise estrutural prolongada pode conduzir a estratégias fundamentalmente mal concebidas, como resultado da interpretação errônea da ausência de “tempestades” (nas palavras de Marx), como se tal ausência fosse uma evidência da estabilidade indefinida do “capitalismo organizado”.
A crise em nossos dias não é compreensível sem que seja referida à ampla estrutura social global.
As características que definem a crise estrutural que nos