RESUMO ANALÍTICO DO LIVRO “O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO”
Mia Couto é um grande mimetizador da obra de Guimarães Rosa e chega a aproximar-se dele (“o motor nhenhenhou-se”). Os três aspectos da literatura de Mia Couto estão presentes no livro. Tem-se uma literatura política (que narra à guerra civil e a entrada da ONU em Moçambique), há uma narrativa ancestral e cultural (parte mística da narrativa) e ao mesmo tempo há uma narrativa de costumes. Outro aspecto dos escritores de Moçambique e de Angola é que eles respeitam bastante a inventividade e criatividade dos escritores brasileiros, um exemplo disso é a amplitude da obra de Machado de Assis na literatura africana.
O livro dispõe de um narrador que interage com o leitor e ao mesmo tempo ele é uma personagem da narrativa, na história ele é o tradutor contratado pelo governante local para acompanhar o estrangeiro enviado pela ONU. Ele começa narrando as explosões que ocorreram com alguns soldados da ONU. Esses soldados estavam em Moçambique há algum tempo com a missão de paz, na qual uma guerra civil tinha terminado. Moçambique vive um momento de reestruturação social e política. Para investigar o que estava acontecendo com os soldados da Tropa de paz, um estrangeiro foi enviado para Tizangara a fim de buscar informações a que viesse solucionar tal mistério. Mistério esse que se inicia com um pênis encontrado no meio da rua, o fato levava a crê que mais um soldado havia sido explodido e o órgão foi a única parte que sobrou de um todo.
À medida que os fatos acontecem outras vozes tomam espaço no texto, assim outros personagens tomam o foco narrativo. O mistério permeia a cerca dos soldados. Eles foram mortos ou morreram? Mistura-se verdade e ficção, realidade e magia, natureza e o sobrenatural nos relatos da população. Na obra o autor utiliza uma linguagem como ninguém, essa linguagem é poética e ao mesmo tempo metafórica, misturando o português colonizador com os dialetos moçambicanos, também são utilizados