Resiliência do Estado na Globalização
Nacional diante da globalização
RUBENS RICUPERO
S ESTUDOS
do seminário que inspirou o dossiê “Nação/Nacionalismo” deste número de ESTUDOS AVANÇADOS são todos dedicados à análise de experiências européias, com exceção de artigo sobre Israel. Mesmo esse foi escrito por um europeu, assim como os demais.
A nacionalidade dos autores não deixa de ser uma limitação, quando se leva em conta a abrangência universal do tema escolhido – a nação, o nacionalismo – sem adjetivos. Não há trabalhos realizados a partir de outras perspectivas, da Ásia, da África, da América do Norte ou do Sul.
Sanar a lacuna terá sido um dos motivos que levaram a revista a adotar o tema, ampliando-lhe o tratamento. O que se justifica plenamente, posto que, em matéria de nação e/ou nacionalismo, a Europa se afasta da regra geral pelo seu excepcionalismo.
Os europeus inventaram o Estado-nação e o nacionalismo moderno juntamente com os fundadores da independência americana. Na Europa, porém, a criação se transformou em monstro, voltando-se, no século XX, contra os criadores e provocando rejeição crítica de que não se encontram paralelos em outras regiões ou continentes. A União Européia (UE) representa atualmente o único exemplo bem-sucedido (ainda incompleto) de esforço com duração de mais de meio século para edificar estrutura estatal que transcende o Estado-nação. A tendência se deve justamente à traumática experiência dos europeus com o monstruoso nacionalismo das duas guerras mundiais e ao desejo de reverter esse processo autodestrutivo.
É por esse motivo que se aconselha alargar o foco do exame, a fim de evitar aproximação parcial e incompleta. Tentarei, de minha parte, dar contribuição nesse sentido, com duas ressalvas. A primeira é que não me ocuparei do que o professor Paulo Butti de Lima chama, na “Introdução”, de “sentimentos” nacionais. A segunda se refere à nomenclatura, nem sempre preocupada, nos estudos do dossiê, em distinguir com