Resenha
Em Jardim Nova Bahia resolveu-se de modo inventivo o nó epistemológico em torno do qual o documentarismo debate-se nos anos 60 e 70: uma câmera é entregue ao personagem, que é levado de carro á praia de Santos e o filme articula-se em torno desse registro.
O resultado do filme não é muito significativo, o que é de muita relevância é a situação do documentarista que sente a necessidade de quebrar o domínio de sua voz e deixar o outro falar. Mas ele defronta-se com algo exótico da situação do baiano: este se encontra numa situação estranha ás coordenadas de sua vida, uma situação concedida, e não sabe manejar o equipamento. Quanto a seleção do material, montagem e sonorização do filme, ficam nas mãos do próprio cineasta. De qualquer forma, o filme de Aluísio expressa uma das tensões principais do documentário brasileiro e aponta para uma solução mais radical que a que se divulgou nos anos 60: dar voz áqueles que não falam através das entrevistas do Cinema Verdade.
O gesto de entregar a câmera continua não se constituindo como uma forma efetiva de se entregar a palavra ao outro ou de, com esta passagem, resolver uma crise sujeito-cineasta, como anuncia Bernardet. Entretanto, a intimidade e facilidade que um indivíduo pode ter com uma câmera, mesmo sem ser cineasta, vêm transformar de maneira definitiva a relação deste com a técnica.
Portanto, a presença da câmera, das palavras e regras como forma de se