RESENHA

O texto “A Cultura do Controle” de David Galard apresenta uma análise comparativa, bem desenvolvida, entre o controle do crime e a justiça criminal ao longo do século XX e o seu final e começo do XXI, no qual houve uma forte mudança na forma de pensamento sobre o crime e sobre o sistema penal em vigor. David Galard faz uma crítica exaustiva, pois apresenta alguns pontos repetidamente em seu capítulo. No entanto, o pensamento construído do autor é bem aprimorado, porque mostra como construiu-o. Sua pesquisa contém vários aspectos presentes no ano de 1970 e que passaram por modificações até os dias atuais, construindo aos seus leitores um paralelo entre esses dois períodos, incentivando a formulação de uma crítica própria. O autor vê mudança na visão dada ao criminoso, que tornou um homem perigoso e não mais desfavorecido como anteriormente era visto; a vítima, que ganha espaço maior na justiça criminal, como também ganha lei com seu nome em alguns casos; a pena, que abandona punições alternativas para restrições da liberdade para todos os níveis de criminosos; quem detêm o poder e no objetivo do Estado, que é a redução do medo da sociedade, ao invés da redução de crimes. O uso de exemplos de países de influência internacional aproxima o leitor ao seu texto, pois vários aspectos presentes nessas nações podem ser encontrados no Brasil, por exemplo, o peso da opinião pública nas decisões judiciais e o pensamento, que a “prisão funciona”. “A Cultura do Controle” traz uma crítica rica de informações, pois o autor teve grande preocupação, que sua pesquisa apresentasse uma visão mais real da apreensão trazida por essas mudanças rápidas nas últimas décadas. Logo, o texto auxilia na compreensão mais aprimorada desse momento.