Resenha
* Em vários países, é desejo dos habitantes que seu governo ofereça mais do que vem proporcionando, em termos de segurança, justiça, saúde, educação, saneamento básico, estradas, aeroportos e outros. * Qual a relação destes gastos com a política fiscal do país?
O país tem um setor público muito grande em comparação a economias com nível semelhante de renda, mas a capacidade de investimento governamental é muito pequena. O Estado é grande porque a máquina pública é pesada e porque as transferências às famílias, através do sistema previdenciário, são elevadas e exibem trajetória notadamente ascendente. Esse é um padrão especialmente adverso em relação aos efeitos da política fiscal sobre o crescimento de longo prazo. Em horizontes mais longos, a expansão da economia está ligada fundamentalmente ao crescimento da oferta agregada, que somente pode se dar através da acumulação de capital físico e humano, do crescimento da força de trabalho e dos ganhos de produtividade.
Até certo ponto, é possível compensar a baixa poupança doméstica através da absorção de poupança externa, que é equivalente, por definição, ao déficit em conta corrente do país. Afora o fato de que existem limites para o tamanho do déficit que pode sustentar sem comprometer a solvência do balanço de pagamentos, é importante observar que a ampliação do déficit, no caso brasileiro, tem se dado principalmente através da ampliação da importação de bens manufaturados. Isto se explica pelas vantagens comparativas do Brasil na produção de bens primários, exacerbadas pela forte elevação no preço nos últimos dez anos.
No quadro de baixo crescimento da economia brasileira nos últimos trimestres, o aspecto mais sombrio é exatamente a contínua queda da produção industrial. Como observamos em outra oportunidade recente , essa queda se dá principalmente porque uma parcela crescente da absorção doméstica de bens manufaturados tem sido atendida através de importações. A