Psicologia comunitária
TEXTOS DE LEITURA COMPLEMENTAR DA DISCIPLINA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA
FACULDADE DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ARAÇATUBA
ARAÇATUBA-SP
NOV/2012
Texto 01
O que significa viver em uma comunidade?
“O elemento materno do vínculo total é a terra; forma originária de sua atuação é o trabalho; aforma espiritual de sua atuação é a ajuda; sua fala,o espírito; sua construção a comunidade”.
Martin Buber
A Comunidade Existente na Cultura Contemporânea: Conceituações
“Não sei falar de Muzema, mas da rua onde moro. Não conheço tudo, só o lado onde moro. Não conheço muitos moradores, só os meus vizinhos, e não tenho interesse em conhecer os outros” (Moradora de Muzema).
Escolhi a fala desta moradora da comunidade de Muzema para enriquecer a referência que Bader B. Sawaia (1999b) faz a Georg Simmel (1984), sociólogo que traz uma contribuição significativa ao conceito de comunidade. Para Simmel, a objetivação crescente da cultura moderna resulta numa impessoalidade das relações, a ponto de anular a totalidade da subjetividade humana. Um cenário que favorece um tipo de comunidade que ele chamou de sociedade secreta: criada para separar o indivíduo alienado da sociedade impessoal, e dar-lhe sentimento de pertencimento, portanto, lugar de identidade de valores associados à comunidade, alertando, porém, que essa sociedade secreta pode tornar-se um fator de dissociação, mais do que de socialização, e, aos olhos do governo e da sociedade, um inimigo (Simmel, apud Sawaia, 1999b, p. 41).
Apoiada neste olhar de Simmel, o “viver em uma comunidade” opõe-se a esta sociedade secreta e à “comunidade realmente existente” exige rigorosa obediência em troca dos serviços que presta ou promete prestar:
Você quer segurança? Abra mão de sua liberdade, ou pelo menos de boa parte dela. Você quer poder confiar? Não confie em ninguém de fora da comunidade.
Você quer entendimento mútuo? Não fale com estranhos, nem fale línguas estrangeiras. Você quer