resenha
Como se forma a idéia de Deus na mente das pessoas? Ana-Maria Rizzuto debruça-se sobre esta questão e defende em “O Nascimento do Deus Vivo”, a tese de que “nenhuma criança no mundo ocidental, educada em circunstâncias normais, completa o ciclo edípico sem formar uma representação pelo menos rudimentar de Deus, a qual ela pode usar ou não visando à crença. (…) Se a representação de Deus não for revisada para acompanhar alterações na representação do self, ela, em breve, sai da sincronia e é experienciada como ridícula ou irrelevante ou, pelo contrário, como ameaçadora e perigosa”. Com apresentação da edição em português, pelo professor Edênio Valle, e tradução, do inglês, por Geraldo Korndörfer, Ana-Maria nos presenteia com um belo trabalho. Ela aproveita como referencial teórico, as idéias de Winnicott a respeito de Religião, ilusão e objeto transicional. Neste sentido, Deus seria, “psicologicamente falando, um objeto transicional, fruto da representação que a criança cria entre o self e a realidade objetal. O Deus criado nesse espaço se acha contemporaneamente ‘no interno, no externo e nos limites’ do espaço transicional criado pela criança” (Valle, apud Rizzuto, p. 8). Mas Deus não é um objeto transicional como os demais. A imagem de Deus se constrói, segundo Rizutto, sobre uma matriz: o vínculo que a criança estabelece com seus pais. Psicólogos, Psiquiatras, Teólogos, Pastores (e outras pessoas que se interessam pelo tema) muito se beneficiarão com o estudo deste livro. Vale a pena