resenha
Júlio César Suzuki Resenha
O Bairro Reforma Agrária e o Processo de Territorialização Camponesa1 , de Larissa Mies Bombardi, não é somente mais um livro sobre a reforma agrária, é um estudo sobre a primeira experiência concreta brasileira de reforma agrária, realizada, no início da década de 1960, a partir da Lei de Revisão Agrária, sancionada pelo Governo do estado de São Paulo.
O processo se estabelece com a desapropriação de, aproximadamente, metade da Fazenda Capivari, decadente produtora de café, em Campinas, e o estabelecimento do assentamento Núcleo Agrário Capivari, com 72 lotes, adquiridos por meio da compra, sobretudo, por produtores camponeses que, em regime de parceria, já trabalhavam na região em outras decadentes fazendas de café.
Após mais de 40 anos do início da experiência, quase 40% das primeiras famílias assentadas, ainda, permanecem nas terras que se transformaram em um bairro rural, em que a densidade das relações sociais estabelecidas entre os moradores permitiu substituir o nome oficial (Núcleo Agrário Capivari) por outro (Bairro Reforma Agrária) que marca a história dos sujeitos históricos que o constituíram: os produtores camponeses.
São os dilemas, as expectativas, as possibilidades, as utopias e as realizações dos moradores do Bairro Reforma Agrária que Larissa Mies Bombardi reencontra em sua pesquisa de campo e faz impregnar as páginas de seu texto. Trabalho fundado em uma perspectiva qualitativa, sobretudo na história oral, valeu-se do discurso dos seus interlocutores para que não se maculasse uma experiência tão rica de conformação de um território camponês em um dos centros mais dinâmicos do capitalismo no Brasil: a área compreendida entre as cidades de São Paulo e Campinas, à margem da rodovia Bandeirantes.
É uma pesquisa que se introduz no difícil debate sobre as possibilidades de