Resenha o trato dos viventes
A mulher no contexto político.
Adriana Corcino Lamônica Liliane Cristina Vieira de Souza
Resumo: Este artigo apresenta algumas reflexões sobre a questão da participação política da mulher, remontando a antiguidade que perpassa pelas sociedades ibéricas, chegando até a sociedade patriarcal no Brasil colonial e imperial. Este artigo tem como finalidade revelar a condição feminina na transição da Monarquia para a República com o intuito de desvendar os obstáculos impostos pela então tímida Constituição de 1891 com relação ao sufrágio universal.
Palavras-Chave: Inferioridade Feminina, Família Patriarcal, República Velha, Voto Feminino
Introdução
Desde a antiguidade grega clássica a mulher era tida como membro inferior na sociedade, tanto fisicamente quanto psicologicamente, necessitando assim do homem para guiá-la, o patriarca. Esse trabalho tem como finalidade mostrar a construção dessa inferioridade ao longo do tempo e sua introdução no Brasil. Identificamos que perante a lei a mulher não fora proibida de votar na Primeira Constituição Provisória Republicana de 1891. Em termos jurídicos a lacuna existente no artigo 70 da Constituição, não exclui a mulher entre os alistáveis, deixando margem para sua participação. Todavia, devido à cultura ocidental, a mulher não era considerada cidadã, entendendo-se implicitamente que ela não poderia votar. Através de faíscas produzidas ao longo do século XIX, período conturbado de nossa História, onde as querelas existentes entre a oligarquia e monarquia mantiveram a mulher a margem da sociedade, mas não ausente do processo político. A elite utilizando o discurso religioso cristão, no qual a mulher possuía como atributo maior a resignação e a falta de obediência implicaria na fragmentação da família, sustentou todos os infortúnios impostos pela sociedade patriarcal. O