Resenha crítica trato dos viventes
Aqui serão estudados os capítulos 1, 2 e 3 do livro O trato dos ViventesO livro O Trato dos Viventes A Formação do Brasil no Atlântico Sul deLuís Felipe de Alencastro, Companhia das Letras, 2000; traz como argumentoprincipal a questão de que a colonização portuguesa, fundada no escravismodeu lugar a um espaço econômico e social bipolar, englobando uma zona deprodução escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona dereprodução de escravos centrada em Angola (Pág. 9)o autor afirma que asduas partesse completam um só sistema de exploração colonial (Pág. 9).Os conflitos entre portugueses, espanhóis e holandeses no século XVIIpermitem ignorar o funcionamento deste sistema e as particularidades que omarcaram naquele século. Os traficantes portugueses arremataram todos os Asientos*leiloados pela Coroa Espanhola durante a União Ibérica. Assim elespassaram a controlar o mercado escravista hispano-americano. A mão de obrade africanos se tornava necessária pela grande mortalidade indígena notrabalho das minas, mas a Espanha não tinha estrutura para fazer seu própriotráfico. Os desembarques dos assentistas se concentravam em Cartagena, VeraCruz e Buenos Aires. Boa parte da redistribuição se fazia por terra, gerandouma grande mortandade entre os escravos. Durante o período do Asiento, osportugueses montaram duas fortalezas no litoral (Luanda e Benguela) e três nointerior (Muxima, Maçango e Cambambe). Após 1640, parte daestruturagerada pelo capital do Asientose encaixa no sistema de tráficointegrado ao Brasil.Apesar das grandes lacunas existentes na documentação sobre o tráfico,especialmente para os séculos XVI e XVII, o autor considera queaproximadamente 12 mil viagens foram feitas dos portos africanos ao Brasilpara vender, ao longo de três séculos, cerca de quatro milhões de escravosaqui chegados vivos (p. 85). Se há dados numéricos deficientes, também sãoraros os testemunhos sobre as travessias.Durante a vigência do Asiento, os