RESENHA: O LUGAR DOS PAIS NA PSICANÁLISE DE CRIANÇAS
O LUGAR DOS PAIS NA PSICANÁLISE DE CRIANÇAS
Psicanálise de crianças ou com crianças? De pais, com pais, dos pais ou sem eles? A clínica com crianças está repleta de armadilhas, exige que pensemos em possíveis respostas para não nos transformar em pedagogos, interventores ou ditadores do desejo da criança, devido às pressões que, frequentemente, sofremos no lugar de analista. Ao mesmo tempo, se não abrirmos um espaço de escuta para os adultos, a análise da criança não se torna possível. Isto nos defronta com dois problemas fundamentais: o da demanda e o do sintoma. As crianças costumam fazer sintomas naqueles lugares que se tornam insuportáveis para seus pais. Os sintomas estão a eles dirigidos porque é uma maneira de se fazer ouvir. O sintoma aparece em substituição a um desejo reprimido, pode aparecer no lugar de algo que ficou bloqueado no desenvolvimento de suas relações inconscientes com seus próprios pais. O sintoma é também a solução de compromisso entre a realização do desejo inconsciente e o insuportável do Eu para tolerar sua realização. A intolerância da realização do desejo inconsciente que pulsa por se satisfazer está bloqueada por um Eu que tenta satisfazer o desejo dos pais. No caso da infância existe uma sobreposição, ou uma superposição, na formação da subjetividade entre a dinâmica psíquica da criança e a de seus progenitores. Em alguns momentos na formação dessa subjetividade, confunde-se o desejo do infans com o de seus pais, não se estabelecendo, portanto, uma clara definição entre o dentro-fora. Trata-se de uma infância já internalizada que por identificação, funciona como o supereu da criança. Nesse psiquismo em formação, os determinantes de ordem interna-externa, bem como os determinantes daquilo que é próprio à constituição do psiquismo da criança e o peso do mundo desejante do outro na determinação desta constituição fazem com que nos encontremos cercados de múltiplas armadilhas e miragens. Os analistas se mantêm