Resenha : O Grande Massacre de gatos, de Robert Darnton
Há várias formas de contar a história cultural de um povo, a maioria dos historiadores aborda apenas a história e a cultura sob o aspecto formal, levando em conta apenas a história dos povos dominadores e dos nobres, excluindo as demais classes.
Os historiadores etnográficos, como Robert Darnton estudam a história, tendo como base as pessoas simples, eles buscam entender como as pessoas simples compreendiam o mundo. A lógica do historiador etnográfico é semelhante a do antropólogo, a expressão do individuo ocorre dentro de um idioma geral, a função do historiador é extrair significados intrínsecos nos documentos para assim terem acesso ao pensamento das pessoas simples que povoavam determinada sociedade.
Em O grande massacre de gatos, Darnton pretende entender a sociedade francesa do século XVIII, tendo como base o estudo dos contos de fadas, originalmente, eram histórias contadas por camponeses abordavam temas comuns a eles como, por exemplo: a incerteza de ter o que comerem. Não é a toa que a maioria dos contos em que aparecem anões, fadas ou bruxas realizadoras de desejos, um dos pedidos em sua maioria é por comida, o que para nós hoje parece um desejo tolo, mas ao estudarmos comparativamente a fundo esses contos da tradição oral que se propagaram para outros países europeus, podemos observar que essa temática era recorrente, assim como as madrastas más, era característica das famílias camponesas possuírem família numerosa, muitos pais davam seus filhos, ou os submetiam a mendicância com a finalidade de obterem alimento para o sustento da família.
Esses contos na sua forma mais primitiva nos causam certa estranheza, pois mesmo através de símbolos, podemos apreender relatos de maus tratos infantis, pedofilia, trapaças, palavrões, entre outras imoralidades. No entanto, Robert Darnton, nos alerta para o fato de que temos que analisar esta sociedade levando em conta toda a condição