Resenha o dinossauro excelentissimo
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Trata-se de uma alegoria, através da descrição do reino desse Imperador notamos um lugar muito semelhante a Portugal, onde o povo é representado pelos mexilhões, a criatura à margem da sociedade assolada pela pobreza e miséria. Outra semelhança com Portugal está no poder da igreja católica: “Por adivinhar mistério naquele pequenino ser é que o regedor insistia em lhe futurar um ofício que servisse ao divino e ao profano. Cruz e bandeira sempre marcharam juntas ao longo da História, mas foram os audazes capitães que abriram o caminho para que a fé de Cristo chegasse onde chegou (índias, selvas e mais para lá) e ficasse.” (página 14 – Primeiro parágrafo). Os Dê-erres, letrados, pessoas que estudaram por isso doutores (Drs.) fazem alusão à PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) na medida que são os fiscalizadores do povo. O dinossauro é o próprio Imperador, tratado de excelentíssimo, um ser humano de origem modesta, moldado para ser a figura opressora necessária para a ditadura ali configurada. Uma figura que necessita criar uma realidade própria e viver de forma reclusa, tornar-se um mito, o governante encoberto como ficou conhecido D. Sebastião, portanto esse Imperador que remete a Salazar veste o manto do salvador da pátria. Para isso a obsessão pela proibição, censura e controle de seu governo. Por meio da fábula, José Cardoso Pires, retrata a vida de Salazar, a sua ditadura e o Portugal do Estado Novo. O mexilhão representa o povo português nos tempos de ditadura salazarista, um povo sem perspectivas econômicas e sociais, que sofre a opressão, a falta de liberdade de expressão: “Tinham obrigado os mexilhões a vestir de escuro porque a vida não estava para graças e decretaram que de futuro o riso seria a máscara do desdém, o falar a capa dos ignorantes e a alegria o fumo da inconsciência. Que se passasse avido e se cumprisse, remataram eles, com um DR na ponta da decisão.” (página 31 – Primeiro parágrafo). Esse trecho bem