Resenha A Criacão Artesanal

5 – A analogia de Mintzberg
Mintzberg (1998), também citado por Whittington (2002) faz uma interessante analogia no seu artigo “A criação artesanal da estratégia” para explicar o que chama de “criação artesanal da estratégia”. Utilizando como referência a experiência da sua esposa com o artesanato, comparou o executor da estratégia ao artesão.
O artesão possui grande intimidade com o material do seu trabalho, ao lidar com o material e passar a lhe dar forma, o artesão entra em contato com o seu passado, representado pelas suas experiências anteriores, com o seu presente, nos ajustes que dá à obra conforme interage com ela e com o futuro, representado pela sua própria visão pessoal.
Ao pensarmos no gerente responsável pela execução do trabalho (ou da estratégia), vemos que aqueles que estão em contato direto com este trabalho, além de tender a possuir mais experiência com o “material”, também reagem mais rapidamente às descobertas trazidas pela execução. O resultado dessas adaptações pode ser considerado como uma estratégia emergente.
Uma estratégia emergente pode surgir, por exemplo, da iniciativa de um vendedor, que, ao perceber uma necessidade não atendida de um cliente, consegue convencer (o que nos lembra da abordagem processual regida por seus relacionamentos complexos) a engenharia a desenvolver e entregar um produto adaptado, ou um novo produto seguindo as suas orientações.
Este vendedor está em contato direto com o material e possui uma visão de certa forma privilegiada do negócio em relação à alta gerência responsável pela deliberação da estratégia da organização.
Todavia, o autor da analogia alerta que “da mesma forma que a formulação puramente deliberada de uma estratégia impede a aprendizagem, uma formulação puramente emergente impede o controle” (MINTZBERG, 2002, p. 426).
Desta forma, confiar totalmente nas estratégias emergentes é tão limitador (ou arriscado) quanto fazer o mesmo com as estratégias deliberadas. Pensemos no vendedor do exemplo acima.