Resenha "A classe Operária vai ao paraiso"
Esse filme de 1971 retrata a vida de Lulu, um operário italiano considerado um exemplo a ser seguido. Ele se esforça ao máximo para atingir as metas propostas pela empresa, e é considerado o famoso puxa saco pelos colegas.
O problema é que seu esforço não é reconhecido. Chega a perder um dedo no trabalho, mas não recebe nenhum tipo de indenização, e sua produção cai. Ele se dá conta de que algo está errado, os operários têm direitos e devem ser respeitados.
Lulu se dá conta de que algo não está certo e se revolta contra a empresa e o sistema, se junta aos manifestantes, o que o leva a ser demitido. Sem expectativas, ele se vê sozinho sem condições de suprir suas necessidades básicas e de sua família. Ao observar tantos relógios entra numa crise existencial, pra que tantos relógios? Sua vida era aquele emprego, sua maior preocupação era não perder a hora, não faltar no trabalho. E agora sem trabalho, sem rumo, se sentindo um nada, um alienado. Os diversos relógios também passam a mensagem do consumismo, já temos algo, mas somos influenciados a ter mais, e mais.
Visitando Militina, um amigo que enlouqueceu por trabalhar na fabrica e foi parar no manicômio, vê as semelhanças entre eles. Lulu tem medo de acabar igual a ele.
Mas lulu resolve se juntar ao sindicato, e tem seu emprego de volta. E também tem sua família de volta, sonhando com o paraíso em seus movimentos repetitivos na fabrica, parece conformado. No final do filme repete a frase “trabalhem escravos, trabalhem!”, eles sabem que estão sendo explorados, mas o pensamento é sempre: “melhor isso do que nada”. E assim os operários apenas sonham com o paraíso, enquanto cumprem suas funções mecanicamente.