Resenha sociológica sobre o filme Madame Satã
Baseado em uma história real, “Madame Satã” conta a história de João
Francisco dos Santos, entre as décadas de 1920 e 1940, que vivia na Lapa, região do Rio de Janeiro, a qual era conhecida por ser um reduto boêmio com bares, cafés e prostíbulos. Viviam ali lado a lado famílias, negros, trabalhadores, prostitutas, policiais, boêmios, artistas, compositores, políticos e intelectuais. A malandragem era um elemento integrante das estratégias de construção da ordem social.
O filme “Madame Satã” narra a vida de três pessoas que vivem juntas e com muitas experiências no subúrbio da Lapa: João Francisco, Laurita e Tabu. O primeiro vive a vida de uma maneira muito intensa. Já Laurita tem uma filha e assim como Tabu, utiliza da prostituição para se sustentar. Tanto Laurita quanto Tabu são subordinados a João.
João Francisco se tornou conhecido por “Madame Satã” ao ganhar um concurso de fantasias para o carnaval do Rio de Janeiro de 1942 no Bloco
Caçadores de Veado. O filme apresenta o desejo que João tem por uma vida artística, bem como seus sonhos de tornar-se famoso e reconhecido.
O período no qual o filme se desenrola, o Brasil passa por grandes mudanças sociais e políticas. Na Era Vargas, o Congresso foi dissolvido, os governadores destituídos e interventores nomeados para comandar os estados. A criação do
Ministério do Trabalho visava regular as relações entre patrões e empregados, com tudo, grande parte da população ficou a margem deste processo. E neste mundo marginal João Francisco dos Santos reinventou sua figura provocando uma ruptura com a ordem estabelecida.
João – negro, pobre, malandro, artista, homossexual, pai adotivo, presidiário – se constitui em um quebra cabeça do jogo social com sua conduta subversiva.
De acordo com o texto “Corpo, gênero e identidade em “Madame Satã””, de
Rebeca Bussiger (2011), as categorias estruturantes que podemos encontrar no personagem são: o Macho, a Musa, a