Cinco Teses Equivocadas sobre a Criminalidade Urbana no Brasil
Brasil*.
Uma abordagem crítica, acompanhada de sugestões para um agenda de pesquisas Michel Misse**
“A cada quinze anos esquecemos os últimos quinze anos”, dizia Stanislaw Ponte
Preta. Cerca de trinta anos, mais do que uma geração, nos separa da célebre (e hoje esquecida) polêmica lançada por Rodolfo Stavenhagen sobre algumas teses muito firmadas a respeito da estrutura econômico-social da América Latina, que ele criticou em sete (anti)teses. A polêmica parece ter envelhecido completamente, a se confiar nos sucessivos deslocamentos teóricos que, daquela época para cá, pelo menos no Brasil, vêm afastando grande parte da sociologia de sua imersão “moderna” nas grandes questões políticas ao fazê-la crescentemente tributária de um certo tipo de vanguarda
“cética”ou “pós-moderna” da antropologia das sociedades complexas e do meio urbano e de uma sociologia das micro-interações e micro-intenções. Como sua contraparte, tem aumentado, em nosso meio, uma preocupação ética que volta a interligar, um pouco como no passado, a perspectiva teórica com as opções de redenção, agora em um tom ora religioso, ora “politicamente correto”, mas, em geral, propenso a romper seja com os preconceitos anarquistas, seja com a ira esquerdista dos “últimos marxistas”. Criticase com novo vigor o relativismo exacerbado e assume-se, como uma universalidade que não pode mais ser desmentida, a relação de valor liberal, democrática e ecumênica.
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Exposição apresentada à Mesa-Redonda: “Violência no Público e no Privado”, no Seminário “Violência ou Participação Social no Rio de Janeiro”, realizado em 17-4-1995 no IUPERJ, Rio de Janeiro, sob a coordenação da Profa. Neuma Aguiar. Publicado primeiramente em “Violência e Participação Política no
Rio de Janeiro”, Rio de Janeiro, IUPERJ, Série Estudos, n. 91, agosto de 1995, 23:39.
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Professor-Adjunto de Sociologia do Departamento de Sociologia - IFCS-UFRJ.
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