Michel misse criminologia
Cinco Teses Equivocadas sobre a
Criminalidade Urbana no Brasil*
"A cada 15 anos esquecemos os últimos 15 anos", dizia Stanislaw Ponte Preta. Cerca de 30 anos, mais do que uma geração, nos separa da célebre (e hoje esquecida)polêmica lançada por Rodolfo Stavenhagen sobre algumas teses muito firmadas a respeito da estrutura econômico social da América Latina, que ele criticou em sete(anti)teses. A polêmica parece ter envelhecido completamente e, a se confiar nos sucessivos deslocamentos teóricos que, daquela época para cá, pelo menos no Brasil, vêm afastando grande parte da sociologia de sua imersão"moderna" nas grandes questões políticas ao fazê-Ia o rescentemente tributária de um certo tipo de vanguarda "cética" ou "pós-moderna" da antropologia das sociedades complexas e do meio urbano e de uma sociologia das micro interações e micro intenções. Como. sua contraparte, tem aumentado, em nosso meio, uma preocupação ética que volta a interligar, um pouco como no passado, a perspectiva teórica com as opções de redenção, agora em um tom ora religioso, ora "politicamente correto", mas, em geral, propenso a romper seja com os preconceitos anarquistas, seja com a ira esquerdista dos "últimos marxistas". Critica-se com novo vigor o relativismo exacerbado e assume-se, como uma universalidade que não pode mais ser desmentida, a relação de valor liberal, democrática e ecumênica.
Curiosamente, foi mais ou menos desse meio intelectual que germinou o principal impulso "moderno" do movimento Viva Rio, reatando um certo tipo de conexão entre a pesquisa e reflexão acadêmicas com a "grande política" que parecia fadada a desaparecer nas microinserções a que já nos habituáramos desde a última década, apesar das grandes manifestações de massa que marcaram todo aquele período. Curioso também é o fato de que, aparentemente, esse impulso "moderno" de antropólogos e sociólogos muito diferentes entre si carregue um potencial polêmico fortemente comum (como se viu na última