Resenha sobre o filme “Ônibus 174”

Resenha sobre o filme “Ônibus 174”

Sem a pretensão de englobar todos os aspectos da vasta discussão dos valores éticos ou ainda, de serem definitivos e completos, os pontos trabalhados visam a uma reflexão sobre a violência, o mal que a constrói e suas implicações no campo da moral.

O episódio do seqüestro do ônibus 174, no Jardim Botânico, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, em 12 de junho de 2000, protagonizado por Sandro do Nascimento, é um reflexo da violência urbana nas grandes cidades. O caso trouxe à tona parte de uma problemática social brasileira: a violência desmedida.
Enjeitado pela sociedade, Sandro faz parte do grupo que representa as minorias urbanas marginalizadas: menor de rua, usuário de drogas, morador de favela.
Na tentativa de contextualizar o momento vivido por Sandro e que o levou à tarde fatídica de 12 de junho, José Padilha, diretor do documentário, realizou uma investigação que nos revela que as raízes do mal plantado naquela tarde carioca estavam profundamente fincadas nas mazelas sociais e econômicas do país. O documentário oferece um aprofundamento na abordagem do episódio e da trajetória da vida de Sandro através da exposição de duas histórias ao mesmo tempo, a partir de imagens intercaladas do ônibus 174 e da trajetória de vida de Sandro, construindo um diálogo que transcende ambos e aponta para as causas da violência urbana em países em desenvolvimento como o Brasil. O resultado é um filme chocante, um retrato cru das mazelas sociais brasileiras, da incompetência do Estado em gerir o problema dos menores de rua e da indiferença da sociedade em relação à situação. "Esses meninos e meninas são invisíveis para o resto da sociedade. Eles querem ser reconhecidos como indivíduos, mas são tratados de forma genérica", como diz o sociólogo Luís Eduardo Soares num momento do filme. Diante de todo processo exposto no documentário, daria para apontar um grande culpado pelo que aconteceu naquele dia? Com certeza não - ressaltando