resenha onibus 174
Escrito por Cláudia da Costa Stengel | Publicado em: 27 de Novembro de 2010
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O documentário “Ônibus 174” do diretor José Padilha, produzido a partir de um sequestro real de um coletivo da cidade do Rio de Janeiro, traz reflexões importantes sobre as questões sociais. Além de elucidar pontos consideráveis no que se refere a invisibilidade social, aponta também para a falta de políticas públicas para aqueles que estão à margem da sociedade, a atuação do Estado na segurança pública e o despreparo de pessoas envolvidas nesse trabalho.
Mas que falar sobre todas as circunstâncias adversas e sucessões de erros nesse sequestro cinematográfico, o documentário aborda a questão da invisibilidade social de uma maneira tão tocante, que faz despertar em quem o assiste sentimentos antagônicos. Por vezes de revolta e ódio imensos, por outras de compaixão e pena, todos eles direcionados ao protagonista principal da estória, Sandro Barbosa do Nascimento.
Sandro é um sobrevivente da “Chacina da Candelária” ocorrida há dezessete anos no mesmo palco social, em que vários meninos de rua foram assassinados violentamente. As cenas do “espetáculo real”, são entrecortadas com depoimentos de pessoas que viveram todo o drama, especialistas em assuntos sociais, e pessoas ligadas a trajetória de vida de Sandro, a qual foi marcada por tragédias que teve início na infância, ao presenciar o assassinato da mãe. Os fragmentos de sua história pessoal, apontam para um caminho em que a invisibilidade social se fazia cada vez mais presente.
De uma tentativa de roubo errada e da dimensão que este ato tomou, Sandro ganha uma visibilidade social, nunca antes conquistada, proporcionada pela exploração da mídia televisiva, que deternima o que deve ser visível e invisível. Os olhares de toda uma sociedade deram a ele a grande chance de se fazer existir. Assim como maioria invisível que percorre os grandes centros