Resenha: por uma geografia do poder
Claude Raffestin
Segundo Claude Raffestin, a população é uma coleção de seres humanos. Ela é um conjunto finito e, portanto, num dado momento, é “recenseável”. Esse ponto é bastante significativo porque, se a população pode ser contada, implica que dela podemos ter uma imagem relativamente precisa. Entretanto, podemos dizer que nem toda a população será entrevistada, pois seria muito complexo, por exemplo, entrevistar todos os moradores de São Paulo os quais são fumantes. Então, os dados servem apenas como base de referência para o estudo de certos setores da sociedade.
Pode-se dizer que a população é idealizada como um recurso, um trunfo, contudo, é também um elemento atuante. Sem dúvida, é um recurso, mas também um entrave no jogo relacional.
Segundo Raffestin, o recenseamento é um saber, portanto um poder. Através do recenseamento, o estado pode definir melhor o seu sistema de taxação e determinar aqueles que estão submetidos ao serviço militar. O imposto e o recrutamento já são duas razões, mas há muitas outras que determinam a necessidade de uma imagem da população. Então, podemos concluir que a imagem que o estado tem da população seria uma forma de arrecadação de impostos e recrutamento militar.
No final do século XVIII, os recenseamentos se tornaram frequentes com o fortalecimento do estado e a formação de outros. Em vários estados, tais como Inglaterra, França, Prússia, Romênia, dentre outros, a vontade do estado era conhecer os recursos humanos que se podia contar. Ou seja, esses estados realizaram o recenseamento, de forma a analisar o estudo de quantos homens, quantas mulheres, et all, para a formação do estado-nação.
Nessa perspectiva, recenseamento pode ser definido como um estoque de energia. Uma energia que a organização estatal vai integrar em suas estratégias. De fato, o recenseamento não é somente um conhecimento sobre um estoque de energia, mas, levando-se em consideração o imposto e a conscrição que