RESENHA - MÍDIA E VIOLÊNCIA
O capítulo apresenta o histórico da reportagem policial no Brasil, a qual costuma ser um dos setores menos valorizados nos editoriais. Demonstra que, de fato, houve avanços, no sentido de que as notícias policiais não estão mais tão carregadas de sensacionalismo, como em outras épocas. Contudo, uma preocupação é se as mudanças no setor verificadas até agora são suficientes e se acompanham a velocidade daquelas registradas na sociedade.
Uma crítica realizada está voltada à superficialidade desse tipo de matéria. Há a exposição de fatos, mas uma escassa apresentação de tendências, de reflexões e de visões de especialistas. Contudo, esse tipo de problema vem reduzindo aos poucos, dando lugar à integração de questões sobre a criminalidade e a violência a outras voltadas para o plano social, como educação, saúde, habitação. Ademais a exigência de melhor formação (nível superior) dos repórteres nos dias atuais favorece uma melhor seleção e qualidade da matéria a ser publicada.
Apesar de, em muitas cidades, tratar-se do tema de maior interesse da população, a cobertura de segurança pública ainda tem muito o que evoluir para se equiparar a temas como política e economia. O que falta é planejamento e investimento no aprofundamento da questão.
Simplesmente publicar uma notícia com o intuito de vender não evolui o setor de notícias policiais, nem esclarece o público como deveria. A veiculação de notícias em defesa dos direitos humanos, por exemplo, ainda que de encontro com o senso comum em alguns casos, aos poucos auxilia na conscientização da população sobre o tema.
Apesar da evolução de cobertura jornalística na área de segurança pública, ainda persiste o pequeno investimento no setor por parte das redações. A imprensa faz a denúncia, publica a violência, mas carece de desenvolver reflexões e debates sobre o tema, a fim de provocar o Estado à tomada de atitudes mais eficazes.