Resenha - montanhas da lua
No decorrer do filme, o mundo africano é apresentado como atrasado, primitivo, exótico, inferior, seus líderes aparecem exageradamente cruéis e violentos. Em contraposição, o mundo europeu é apresentado como o certo, o superior. A sociedade européia aparece a partir do ponto de vista da elite, da aristocracia, sendo os europeus mostrados como os “destemidos”, os “justos”. Há uma cena muito interessante, que mostra essa imagem do europeu corajoso, onde David Living Stone (um famoso explorador do continente africano) em um encontro com Burton expõe uma série de cicatrizes que adquiriu em suas expedições na África.
A ciência no século XIX ajudou a justificar o imperialismo. Através do “discurso competente”, os europeus que “possuíam” o conhecimento científico usaram o continente africano como uma espécie de laboratório, contribuindo inclusive, para o surgimento das ciências sociais, como a Antropologia.
As expedições do filme foram financiadas pela “Sociedade Geográfica Real”, que tinha interesse em expôr os relatos, as descobertas, contribuindo para a legitimação do Imperialismo. Enfim, em “As Montanhas da Lua” podemos perceber a grande importância da ciência e das expedições de exploração do século XIX para o processo de roedura do continente africano que culminou na legitimação do Imperialismo Europeu.