Resenha michel foucault
Nenhum discurso é inerentemente libertador ou opressivo. A condição libertadora de qualquer discurso teórico é uma questão de investigação histórica, não de proclamação teórica (Jana Sawicki, 1988 a, p. 166).
Para muitos, essa frase pode parecer estranha ou simplesmente equivocada. No entanto, o objetivo de Sawicki, quando a proferiu, foi demonstrar como essa posição pode ser defendida e por que ela é importante no campo da educação. Ela se enquadra no trabalho do filósofo social francês Michel Foucault. O trabalho de Foucault tem influenciado o pensamento em muitos campos da teoria social, incluindo, mais recentemente, a educação.
A frase de Sawicki caracteriza os principais desafios foucaultianos. Um deles é a visão de Foucault de que a verdade e o poder estão mutuamente interligados, através de práticas contextualmente específicas. Centrando-se na noção de “regimes de verdade”, Foucault desenvolve idéias sobre poder e saber.
A noção de “regimes de verdade” de Foucault (1980) evoca visões de “verdade”, usadas de formas que controlam e regulam. Temos exemplos dramáticos, nos quais versões da “verdade” tiveram horríveis conseqüências de opressão e violência como a visão de uma raça ariana pura de Hitler ou a política do apartheid da África do Sul. Foucault (1985) explica que a “ a verdade está circularmente ligada a sistemas de poder, que a produzem e a apoiam, e a efeitos de poder que ela induz e que a reproduzem” . Dessa forma, não é apenas em relação aos discursos “dominantes” ou “dominadores” de qualquer sociedade que faz sentido falar de regimes de verdade. “ Se o poder e a verdade estão ligados numa relação circular, se a verdade existe numa relação de poder e o poder opera em conexão com a verdade, então todos os discursos podem ser vistos funcionando como regimes de verdade.”
Desenvolvendo essa noção, Foucault (1980) diz:
“Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua política geral de verdade: isto é, os tipos de discurso que