Resenha - Horácio Capel
Capítulo III - “La Institucionalización Universitaria De La Geografía Alemana: Un Modelo Para Europa”
Os dois expoentes da Geografia alemã do século XIX, Karl Ritter e Alexander Von Humboldt, são consensualmente admitidos como dois geógrafos cujos legados não produziram continuidade imediata, isto é, se apresentariam como dois casos aleatórios em uma narrativa linear do desenvolvimento do pensamento geográfico alemão da época.
À constatação do fato supracitado sucede-se duas indagações indubitáveis: por que a obra desses dois geógrafos não tiveram influência? Por que, ademais, a geografia univesitária alemã foi tão morosa em desenvolver-se? À primeira remete à situação institucional de Humboldt e ao panorama das ideias correntes em seu tempo. Sua obra foi especialmente lida por naturalistas, uma vez que esse não era geógrafo e era a geografia que acabava por se enriquecer de sua experiência científica mais do que ele se imbuía de estudos de geógrafos para formular sua obra. E, por outro lado, a universidade do século XIX vivia o grande advento das ciências especilizadas e parcelares, de modo que tanto o projeto Humboldtiano como o empreendimento de síntese de Ritter – amparada em uma visão de mundo finalista-teológica – perdiam sua audiência.
Após a morte de Humboldt e Ritter, o pensamento geográfico alemão é submetido a uma descontinuidade cristalizada tanto pela ausência de cátedras de Geografia em algumas de suas principais universidades como pela alteração dos problemas abordados pela geografia existente, dessa vez muito mais práticos e específicos do que abstratos e universalistas. A missão de investigação de temas outrora geográficos era, na universidade em que triunfava o positivismo e o naturalismo, relegado às ciências particulares.
Enquanto era pulverizada em uma plêiade de microciências na universidade, a geografia adquiria uma grande relevância nos ensinos primário