O filme A Guerra do Fogo tem como plano de fundo as sociedades pré-históricas que dependiam do fogo para sobreviver às adversidades naturais e ao confronto com outras "tribos" humanas. No entanto, o que move a trama é a evolução da linguagem nessas sociedades. Partindo da idéia de que a complexidade comunicativa indica o maior desenvolvimento de uma tribo, o filme começa mostrando uma tribo pouco desenvolvida: apesar de possuírem o fogo, não sabiam como produzí-lo, e tratavam-no como algo sobrenatural. Assim, quando essa tribo é atacada e vencida por outra (as diferentes tribos são reconhecidas por suas próprias aparências físicas), seus membros são obrigados a procurar outro lugar para habitar e uma forma de possuir novamente o fogo. É essa busca que conduz a narrativa. Diversas reflexões lingüísticas são possíveis a partir das relações entre os membros dessa tribo e entre outras tribos mostradas ao longo do filme. Seguindo-se uma teoria tipicamente darwinista, hierarquizando a evolução humana, nota-se que inúmeras transformações levaram o homem dos grunhidos animais e gesticulações grotescas – ambos pouco precisos – até a linguagem oral. Algumas concepções, por exemplo, admitem que as gesticulações e mesmo a fala se tornaram possíveis após o homem adotar a postura ereta, liberando as mãos e, conseqüentemente, a boca para a comunicação. No filme, o riso é uma forma de comunicação possível apenas às tribos mais evoluídas, enquanto as menos evoluídas são mais violentas e menos organizadas. Também o papel das mulheres nas tribos é diferenciado, revelando que mesmo hábitos sexuais transmitem mensagens de menor ou maior complexidade. A questão da linguagem, contudo, é abordada com maior destaque com relação ao fogo. O grande salto evolutivo que se percebe no filme ocorre quando um hominídeo da tribo menos desenvolvida aprende por observação a fazer o fogo (iniciar uma fogueira pela fricção de gravetos) e tenta ensinar a técnica aos outros. Tal sofisticação na