RESENHA FURTADO
Nesse texto, Celso Furtado busca elaborar uma nova forma de analisar o subdesenvolvimento – sobretudo na América Latina – criando uma concepção alternativa às teoria clássicas sobre desenvolvimento econômico.
De acordo com a teoria clássica do desenvolvimento, o aumento da produtividade e a incorporação de novas técnicas, por si só, gerariam homogeinização social e melhora dos padrões de vida da população. Entretanto, Furtado (utilizando-se de conceitos elaborados por outros economistas latino-americanos, como Prebisch), destrincha tal análise ao demonstrar casos em que tal sequência não fora observada, além de reestruturar o conceito das origens do subdesenvolvimento.
Furtado argumenta que nem sempre o aumento da produtividade gera homogeinização social, devido a um desequilíbrio na incorporação das inovações tecnológicas, característico de países com industrialização tardia. Ademais, Furtado resume o subdesenvolvimento como sendo uma desarticulação entre a acumulação de inovação na força produtiva e nos bens de consumo. Ou seja, em um país subdesenvolvido, as mercadorias são modernizados previamente, antes das fábricas e unidades produtoras, devido à demanda da população (influenciada pela sociedade capitalista global) e à falta de capital. E tal situação só é possível se o país em questão for importador de manufaturados. Furtado elabora essa tese – que elucida muito bem a situação da América Latina e refuta em parte a teoria neoclássica – para explicar o processo de substituição das importações que ocorreu no Brasil e em outros países latino-americanos, como estratégia