Resenha filme vidas secas
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O filme começa e termina com quase a mesma cena: um homem, uma mulher, seus dois meninos, andando a pe. No tempo entre o começo e ao final, as vezes a vida melhora (o homem acha um trabalho de vaqueiro) e piora (o homem vai para a carcere por causa de um policial corrupto), mas a fundação, o permanente na vida da família, é o andar, o procurar alguma coisa, tomara que seja uma coisa melhor mas pelo menos algumas coisa. E se a melhorias não permanecem, pelo menos também não permanecem os azares da vida, porque a familia está determinada a sobreviver, seja qual seja o custo. O filme bem apresenta a perspectiva de todos na familia: a desesperação do homem quando a policia e os políticos se aproveitam dele, a desesperação quieta da mulher enquanto tenta manter a família comendo, o aborrecimento das crianças. Este último se reflete no fato de que se fala pouco no filme: de que há de falar?
Na última parte deste filme, uma das crianças pergunta para sua mãe: Como é o inferno? É um lugar para onde vão os condenados, cheio de fogueira, espeto quente. Uns momentos depois, o menino olha para o mundo em volta dele e observa: Inferno. Logo sua mãe sai a recolher agua de uma poça patética. Inferno.
Mas apesar de tudo, a familía acha esperança. Depois de tudo, há uma grande diferença entre a cena inicial e a final. Ao final, depois de achar e deixar um trabalho, de receber abuso da polícia, a mulher e seu homen andam falando do futuro, da possibilidade de – algum dia – de dormir numa cama de couro. De – como disse a mulher – ser gente.
Nota de conteúdo: Este filme se pode assistar por qualquer idade. Agora bem, provavelmente as crianças (e alguns dos adultos) vão dormir pela lentidão do filme, mas pelo menos não vão se