Resenha - filme sonho de rose
O filme “O sonho de Rose – 10 anos depois” é uma produção histórica; sem dúvida é um registro por dentro da história de uma das experiências mais marcantes da história recente brasileira que é a luta pela reforma agrária organizada pelo Movimento Sem Terra. A fria cobertura jornalística do dia-a-dia aqui é substituída por um mergulho apaixonante na história do primeiro assentamento de famílias dos Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), oficializado pelo Incra após a invasão da Fazenda Annoni, no Rio Grande do Sul, em 1985. Tetê de Moraes já havia acompanhado a luta desses trabalhadores em seu filme anterior, Terra para Rose. Passados dez anos, ela retornou à Fazenda Annoni para conferir como vivem hoje as mesmas famílias que filmou em 1985.
A diretora reencontra os mesmos personagens para este documentário, filmado em 1996 e finalizado apenas em 2000. Muitas daquelas pessoas conseguiram transformar seus sonhos em realidade, tornando-se bem sucedidos pequenos agricultores, trabalhando em cooperativas, enfrentando novos problemas e desafios. Famílias que conseguiram transformar, com anos de luta, acampamentos precários de barracos de lona em uma bem sucedida experiência de trabalho e solidariedade. Um filme emocionante, mostrando um Brasil que dá certo.
A própria diretora não esconde a emoção ao reencontrar as mesmas pessoas que entrevistou em seu documentário anterior. E, com sua antiga experiência de jornalista, consegue tirar de cada entrevistado detalhes da experiência pioneira das 1.500 famílias que se estabeleceram na região. A música "Assentamento", cantada por Chico Buarque, embala as histórias num ponteio alegre e matinal.
Tetê funde cenas do primeiro filme com as do atual. Os assentados revêem suas imagens como se mirassem um velho espelho e se emocionam ao lembrar do passado. Gaúchos com seus grossos bigodes e a inseparável cuia de chimarrão choram ao lembrar