Resenha Filhos do Silêncio
O filme também enfoca o relacionamento deste professor com uma ex-aluna da escola, atualmente funcionária, que é surda e evidencia resistência em aprender a falar e ler lábios. O drama, o sofrimento desta personagem e sua e sua luta pela afirmação de um verdadeiro si mesmo, de afirmar sua necessidade de ser aceita como é, de ser enxergada, escutada, compreendida, legitimada se faz presente no decorrer da história. Ela se comunica do modo que lhe faz mais sentido, tendo que se refugiar em sua solidão para não se perder de si mesma. Sua recusa e seus questionamentos são fundamentados pela seguinte questão: por que ela deve aprender a língua do ouvinte e o ouvinte não precisa aprender a língua dos surdos. Estas características da personagem faz chamar a atenção para uma valorização da identidade do sujeito surdo, não como alguém que precisa abandonar sua cultura para ser considerado semelhante, mas como um sujeito que merece respeito e reconhecimento em sua diferença, um sujeito que merece ser ouvido porque tem algo a dizer de si.
Diante deste confronto, fica o questionamento: Quem não escuta quem? Quem está surdo ao anseio do outro?
No filme, o surdo é apresentado como deficiente, ele é isolado em uma instituição especial para que possa aprender a se comunicar aprendendo a “falar” (do ponto de vista do ouvinte, porque os surdos podem se comunicar de outras maneiras); é subestimado, na medida em que tudo o que a instituição pretende é possibilitar que os surdos consigam conviver na sociedade, mas numa