Resenha - Filho Eterno
O Filho Eterno
BERNARDI, Leticia
TEZZA, Cristovão. O filho eterno. Rio de Janeiro: Record, 2007. Romance 222p.
O Filho Eterno não é um livro sobre crianças acometidas pela síndrome de Down ou outras excepcionalidades. Considero ser um romance de formação - com forte ou total conteúdo autobiográfico - de grande carga introspectiva, inteligente e envolvente. É muito difícil largá-lo após as primeiras páginas e o resíduo após a leitura é duradouro.
Dentro da ''formação'' entra a questão da paternidade, de maneira muito franca e elaborando questões perenes.
O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza, se afigura como uma brilhante reflexão sobre a necessidade e a importância da ação do tempo para operar o ciclo da maturidade.
Dividido em vinte e cinco capítulos, não numerados, o romance é introduzido por duas epígrafes significativas: a primeira, de Thomas Bernhard, apresenta o conflito entre o desejo pela descrição fiel da verdade e o resultado dessa descrição; a segunda, de S. Kierkegaard aponta a reflexão especular entre pai e filho, tema de que se ocupa o livro em suas duzentas e vinte e duas páginas: as vicissitudes, o calvário e as amarras de um jovem escritor ao receber a notícia de que seu primeiro filho era portador da Síndrome de Down e a peregrinação vital em torno desse fato até sua liberta aceitação.
Consagrado pela crítica, vencedor do prêmio de ficção da Associação Paulista dos Críticos de Arte, considerado como romance destaque de 2007, O filho eterno é, seguramente, das melhores criações ficcionais – senão a melhor – de Cristóvão
Tezza. Professor da UFPR, doutor na área de Letras, nascido em 1952, o escritor, embora sendo natural de Lages (SC), tem sua “cidadania literária”, metaforicamente falando, tributada ao Paraná. Dentre seus romances mais conhecidos estão Trapo; O fantasma da infância; Aventuras provisórias; Breve espaço entre cor e sombra (Prêmio Machado de Assis/ Biblioteca Nacional de melhor romance de
1998); O