Resenha: Escola Mútua
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO: Formação, Políticas e Práticas em Educação
Disciplina: Educação Brasileira - Análise contextual
Aluna: Caroline Data: 21/06/2011
ESCOLA MÚTUA: uma hipótese recusada
Na França, até início do século XVIII, as escolas de caridade, especialmente nas províncias onde eram devidamente equipadas, prestavam um grande serviço à educação. Fundadas a partir dos mais antigos princípios cristãos, essas escolas foram constituídas perante o dever religioso de educar as crianças e “alimentar com a palavra” aqueles que eram pobres e negligenciados. Mesmo prestando serviço à educação, principalmente à educação popular, uma escola municipal veio substituir essas escolas de caridade durante o período da Restauração.
Anne Querrien, socióloga francesa, em seu livro "A Escola Mútua – Uma pedagogia muito eficaz?"1 (Paris: Les Empêcheurs de Penser en Rond, 2005), escrito originalmente em francês e ainda sem tradução para o português, nos retrata a história desta escola municipal que, embora tenha sido considerada muito eficaz, foi transformada, adaptada e até mesmo abandonada, acabando por ser extinguida. Esta escola, chamada mútua, foi criada para suprir um problema de falta de instrução escolar das classes menos favorecidas e que até então era responsabilidade da igreja.
Querrien nos mostra que o método mútuo, em 1816, foi criado quando os irmãos já não conseguiam mais gerenciar a escola existente, tanto é que, em 1823, uma circular recomendou aos irmãos uma nova direção para as escolas de caridade. Aos poucos, o apoio do poder real para os irmãos também se fazia cada vez mais evidente, até que, na revolução de julho de 1830, gritos como "Viva a Escola Mútua! Abaixo os ignorantes!" marcaram os protestos. Após a revolução, pela primeira vez foi apresentado um relatório sobre o desenvolvimento do ensino mútuo, onde solicitava-se a substituição das escolas de