Resenha Edgard Morin
Fazer a sociologia do presente era a ambição do pensador francês Edgar Morin, na década de 60. Analisando a cultura de massa, criada pelo sistema industrial capitalista, Morin diagnosticou o prejuízo da cultura culta e da popular diante da cultura massiva.
Cultura de Massas no Século XX, de Edgar Morin, foi lançado em 1962. É difícil alinhá-lo a somente uma linha de pensamentos, pois ele escreveu muitos livros e elaborou vários conceitos. No entanto, Mauro Wolf considera que o livro de 1962 seja a base da Teoria Culturológica (WOLF, 1987, p. 100).
Morin validou a produção cultural com fins lucrativos e a relação da cultura de massa com as outras culturas (popular, culta, religiosa, nacional, etc). Morin acreditava na homogeneização dos costumes e das visões, partindo de “um conceito implícito da agulha hipodérmica”.
A Cultura de Massas no Século XX aponta as principais características dessa cultura, recente, surgida com a industrialização e o desenvolvimento dos meios de comunicação de massas. Segundo Morin, a cultura de massas segue as normas capitalistas e é destinada a um “aglomerado gigantesco de indivíduos compreendidos aquém e além das estruturas internas da sociedade”. Morin consolida os produtos massivos como cultura, criticando os intelectuais por julgarem a existência somente da cultura culta, que ele diz ser guiada pela estética, qualidade, criação, espiritualidade e elegância e produzida pelos intelectuais (Op. cit., p. 17).
Uma série de conseqüências resulta da característica industrial. A criação é submetida à técnica e à burocracia, “predominando a organização racional do produto sobre a invenção” (MORIN, 1977, p. 25). O filme, por exemplo, começa no roteiro, mas passa pelo trabalho de muitas pessoas e interferências burocráticas relacionadas ao custo de produção e a divulgação, o que acaba por limitar a criatividade do autor. Para Morin, essa característica vai contra a necessidade humana do consumo cultural