Resenha edgar morin - a inteligência da complexidade
RESENHA
Em seu livro “A Inteligência da Complexidade”, mais especificamente nos capítulos 1 e 4, Edgar Morin aborda os principais aspectos do que se constituiria em um pensamento complexo e a necessidade de se pensar uma ciência imbuída de uma consciência da complexidade. Amparada por um fundo filosófico de cunho oriental e ocidental, a Teoria da Complexidade (complexus: aquilo que é tecido conjuntamente) propõe uma atitude revolucionária para os padrões de ciência atuais, pois defende que tais paradigmas não são mais suficientes para estear as demandas sociais hoje emergentes. Morin nos convida a problematizar o fato de que o mundo não é mais o mundo de Galileu e Copérnico, que o planeta não é mais minúsculo, mas sim que agora conhecemos e nos comunicamos com a natureza de forma diferente, e principalmente, que novas formas de se relacionar implicam necessariamente novas posturas. Porém, não é isso que constatamos. Vivemos em uma sociedade que ovaciona os “avanços” científicos sem ao menos impor-lhes responsabilidade e dever quanto à aplicação dos saberes em melhoria do meio em que habitamos. Heidegger já defendia que “nunca tivemos tantos conhecimentos a respeito do homem e nunca soubemos menos o que é o homem”, pois experimentamos um império de fragmentação do conhecimento que inviabiliza a reunião e síntese dos saberes. E nesse sentido, ao mesmo tempo em que isso nos torna bastante lúcidos para questões isoladas, torna-nos cegos para as questões mais globais; estas que são imprescindíveis para criar alternativas mais eficazes de resoluções de problemas. Ainda devemos ressaltar que atrelado ao desenvolvimento científico também se desenvolveu, de forma extraordinária, o poder desse conhecimento; pois é inegável que a bomba atômica é oriunda dessa concepção anacrônica de “ciência sem consciência”, assim como considerava Rabelais. Em um sistema que