Edgar Morin e a complexidade
1. A Cabeça bem feira. Reformar o pensamento1
“Nossa Universidade atual forma, pelo mundo afora, uma proporção demasiado grande de especialistas em disciplinas predeterminadas, portanto artificialmente delimitadas, enquanto uma grande parte das atividades sociais, como o próprio desenvolvimento da ciência, exige homens capazes de um ângulo de visão muito mais amplo e, ao mesmo tempo, de um enfoque dos problemas em profundidade, além de novos progressos que transgridam as fronteiras históricas das disciplinas.”
LICHNEROWICZ
Edgar Morin, crítica nesse livro - A Cabeça bem feita, a fragmentação do conhecimento, ou seja, o pensamento reducionista, herdado do paradigma cartesiano que está presente desde o século XVII. No livro ele diz que o grande problema é a hiperespecialização. Cada profissional vê o seu espaço e sua disciplina e não conhece o funcionamento do sistema como um todo. Um bom exemplo disso é a medicina ocidental tradicional que trata os sintomas de um problema e não a causa.
O autor propõe uma reforma no pensamento baseada nos seguintes tópicos:
Capítulo I - Os desafios:
A hiperespecialização faz com que as pessoas não vejam o global.
O ensino por disciplinas separadas dificulta ao aluno a capacidade natural que o espírito tem de aprender “o que é tecido junto”, isto é o complexo, e assim o impede de contextualizá-lo. Desta forma, o que o autor considera em seu capítulo I, é que o desafio da globalidade é também um desafio da complexidade. Logo segundo ele, a inteligência que só sabe separar, fragmenta o complexo do mundo em pedaços separados, fraciona os problemas, unidimensionaliza o multidimensional. Atrofia as possibilidades de compreensão e de reflexão, eliminando as oportunidades de um julgamento corretivo ou de uma visão a longo prazo (MORIN, p.15).
Ou seja, Morin crítica a separação dos saberes, sugerindo que cada vez mais precisamos de um saber religado, pois vivemos