Resenha Documentário "Surplus"
Análise Crítica elaborada pelos alunos Jessica Lima da Silva e Renan Nicolas Correia, acadêmicos do curso de Publicidade e Propaganda – 1º semestre de 2009; da Universidade Nove de Julho.
Entre tantos documentários sobre críticas aos sistemas econômicos das sociedades atuais, Surplus (trabalho dirigido pelo ítalo-sueco Erik Gandini em 2003), destaca-se por uma edição impactante que vai além da crítica e transforma-se numa ação reflexiva do comportamento humano quanto ao consumismo exacerbado ou à própria inexistência do mesmo, ou ainda, questões da própria essência humana, contrapondo o Capitalismo, no filme defendidos por vozes como de George W. Bush, Bill Gates e Steve Ballmer, e o Socialismo, por Fidel Castro; mais o Anarcoprimitivismo postulado por John Zerzan. O documentário não tem pretensão de mostrar qual corrente acima é a correta; ou melhor, mostra-se imparcial, mas sim perturbar o espectador quanto às questões norteadas no projeto.
A introdução do documentário já revela a abordagem temática das imagens e suas atribuições editadas com a música e falas, no qual a fala produz a própria música como samplers ou ecos, dando um “ar” de modernidade e poesia. São imagens de batalhas entre grupos autogestionários, focalizadas no Black Block, grupo anarquista anticapitalista, contra a polícia (a qual o grupo denomina “Assassina”) nas ruas de Genova. Tais cenas promovem uma catarse (Segundo Aristóteles: purgação do sentimento por meio da arte) interessante ao telespectador e isso enriquece ainda mais o trabalho, compõe a ação reflexiva que é o objetivo real de um documentário. Segundo Fernão P. Ramos a imagem-câmera para essas imagens fortes como a da guerra ou da morte “possui uma forte intensidade que nos absorve por completo e nos coloca em posição desconfortável com relação ao que está sendo exibido”